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XIII
A fúria de Netuno
Irascível é o deus do Mar
Já houvera viajado por muitos mares e passado por muitas terras desde que ingressara na marinha. Mas nenhuma viagem tão atribulada quanto esta. Estava havendo uma tempestade em alto mar; encontravam-se no meio do Atlântico, literalmente, próximos à linha do Equador, segundo mostrava a leitura do GPS do navio húngaro em que viajava Kocsis.
Muitos dos marinheiros de experiência regurgitavam, no assoalho do navio, toda a refeição feita poucas horas antes. Kocsis tinha estômago forte e não pusera para fora o delicioso frango assado preparado pelo cozinheiro da embarcação.
Sua preocupação maior não era com o estômago, mas a situação da embarcação, que estava abarrotada de carga e corria riscos sérios de naufrágio, caso não fossem rápidos na descarga do excesso.
– Seus palermas! Rápido, descarreguem esses compartimentos de carga! Antes que todos nós sejamos banquete principal para as barracudas!
– Sim, senhor capitão! – Disseram os marinheiros, mal haviam acabado de vomitar no assoalho do navio.
E os marinheiros seguiram a enérgica ordem dada pelo capitão húngaro. Desceram ao compartimento de carga para começar a remover as pesadas caixas de palmito e castanhas-do-pará. Havia também as pesadas toras de mogno - que eram impossíveis de serem removidas por braços humanos.
– Porra! Corram! Não vêem que está entrando muita água, nosso navio está indo pro fundo, seus ratos de porão!
E os marinheiros corriam desbaratados para baixo, ao compartimento de carga, e subiam de novo com caixotes de madeira nos braços e os jogavam no mar.
Mas a pressa e o esforço não foi suficiente.
Água demais entrara na embarcação, pois o navio se encontrava com um excedente de carga e fora engolido pela fúria de Netuno.
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