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III
Quarta-feira, 29 de março,
3h15 da madrugada
Entre as quatro paredes frias e cinzas do seu apartamento, Pep olha a tela do PC, e reinventa a si mesma, através do seu personagem virtual Elektra. Ela é a máscara de Pep. Através dela compartilha suas experiências, em busca de outros que não a fizessem se sentir tão só e tão bizarra.
Lê os recados, a maioria pornográficos deixados por outros solitários candidatos a amantes virtuais. Dentre bobagens vazias de imaginação e pura grosseria, um lhe pede atenção. Escrito na brincadeira da língua do P, e com o nick de Paizinho Perdido, o recado está no mesmo estilo pornográfico do conto Via Crucis do Corpo de Clarice Lispector. Pensa alguém que conhece Lispector já tem a senha certa pra entrar na minha estória. Deve ser um alvo interessante.
Estimulada, escreve no diário virtual, se apropriando das aventuras de sua gata Balalaika, sexualmente mais explícitas e interessantes do que as suas próprias. A gata negra encontrada na rua, fora presente de seu amigo Hugo que sempre viu em Pep o mesmo ar desconfiado e arisco dos felinos.
Pep, agora na pele de Balalaika descreve no mesmo tom pornográfico da língua do P o menu sadomasoquista que os candidatos a copular com a gata deveriam seguir.
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