Papa-chibé blues
sumário .
VII

Papa-chibé blues

Pep era uma garota inteligente e não precisava estudar tanto. Nos primeiros anos do ensino médio, sua matéria preferida era Literatura. Especialmente por causa do Prof. Fabio, mestiço, 36 anos, vindo do interior do Pará, Tome Açu. As aulas com ele eram quase mágicas, o que fazia com que ela se sentisse cada vez mais estimulada a estudar.

Ao final do primeiro ano, a relação professor-aluno já havia se transformado em amizade, sendo que no ano seguinte haviam combinado de irem juntos à Parati, participar da Feira do Livro. Pepita já estava apaixonada. Aqueles dias de sol, cerveja e literatura fizeram com que ficassem cada vez mais próximos, até que se envolvessem afetivamente.

Logo a resistência da pequena Pepita com os homens seria superada e o desejo e a luxúria tomariam conta do seu ser de forma animalesca. Foi de volta ao Pará, no apartamento de Fábio que puderam se entregar aos seus mais íntimos desejos carnais.

Era uma noite de clima agradável, mas que logo se tornaria insuportavelmente quente por conta do vinho que haviam bebido durante o jantar. Um sarau improvisado a fez buscar na prateleira um livro de Marques de Sade. Era o que faltava para que finalmente o experiente professor se deixasse levar pelo momento e degustasse Pepita ferozmente. Aquela ninfeta safadinha...

Enquanto tudo ia bem no namoro, Conceição, a mãe, desde o início, não aprovava aquele homem tão mais velho pra filha, e se deixava influenciar por comentários de terceiros sobre a sexualidade do namorado. Isso irritava Pep, que tentava abstrair esses pensamentos, já que o sexo era maravilhoso e não havia motivos para duvidar da masculinidade daquele mestiço ardente que parecia entendê-la tão bem.

Parecia que todo o trauma do passado já havia sido superado e a criatividade do casal era surpreendente. Não havia limites pra imaginação dos dois. Algemas, géis, roupas de couro, chicote... tudo era possível, até mesmo um estranho pedido de Fabio: queria ser possuído. Pep se deliciava com a cena. Seu amado, ali, gemendo de prazer enquanto ela trocava de lugar com ele e virava a “voz ativa” da relação. Nada mais normal e aceitável.

Esse momento de sodomia logo se tornaria cada vez mais freqüente, o que fez com que Pepléria não tivesse nenhum pudor de comentar isso com seu amigo Plácido, quando lhe pediu uma consulta astrológica para saber sobre o futuro do relacionamento. Aos 17 anos já pensava em casamento, filhos, cachorros com nomes fofos e crises com empregadas domésticas, porém antes era necessário saber se havia a aprovação dos astros.

Plácido se concentrou em cálculos, retas, projeções, e largou tudo. Disse que ouvia uma voz lhe dizendo que deveria alertá-la, e logo estava incorporando uma entidade - o caboclo Ipororó - que lhe dizia que uma nuvem negra, ou melhor, morena, forte, musculosa, besuntada de óleo Johnson, estava no meio do caminho de seu namorado, mas também em cima, atrás e de ladinho, com uma bisnaga de KY na mão. A menina ouviu atenciosa, mas não concordou com nada do que ele havia falado. Provavelmente Plácido tinha fingido tudo e estava com ciúmes.

Ficou com aquilo na cabeça o dia todo. Meio mofina durante o encontro com Fábio, não se conteve e falou sobre as palavras do amigo. Foi então que o namorado ficou calado, pensativo e lhe informou que era tudo mentira. Pep então comentou que caso fosse verdade, não se importaria, pois sempre teve vontade de participar de um ménage a trois.

Não havia mais o que esconder, e Fábio realmente se sentiu tentado. Assumiu que era bissexual, mas que realmente estava apaixonado por ela e nunca mais havia se encontrado com o ex-namorado, mas que faria isso se fosse para satisfazê-la.


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