Paizinho Perdido
sumário .
XIV

Paizinho Perdido

Paizinho Perdido lê a mensagem no blog de Pepléria escrito na versão pornográfica da língua do P. Riu silenciosamente para si mesmo. A isca foi jogada e o peixe mordeu, respondendo com um cardápio interessante.

Carpapdapapipiopo:
Enpentrapradapa: Sópo porpor tráspras.
Prapatopo Pripincipipalpal: Sepexopo Oporapal
Sopobrepemepesapa: Trepepapadapa napa sapacapadapa.
Bepebipidapa: Epejapacupulapação mulpultipiplapla.*


Paizinho Perdido lê e relê atentamente a mensagem. Masturba-se delirando com as infinitas possibilidades. Há pelo menos seis semanas ele observava Pep. Desde o último “evento”. Impossível ficar indiferente à fotógrafa ruiva no local do crime. Olhar obsessivamente atento ao corpo, o fascínio pela cor do sangue, a morbidez poética. Ela entenderia uma obra de arte, seria ela a continuação de sua obra? Pensou mas como ligá-la ao poema, como transformá-la na próxima estrofe? Como sempre afirmava a si mesmo, a vida é um poema que nunca acaba, e a morte? Finitude serena. E eles ficam sempre tão serenos livres de suas angústias, mais leves depois da violência. Entretanto, Pep não, ele intuía, ela sim, saberia, entenderia que um crime não é um mero ato de violência, é um poema e inacabado, decidira naquele momento: seria ela a próxima estrofe, a obra mais rara e perfeita.

No dia seguinte Paizinho Perdido foi a redação do jornal. Tão fácil conseguir o endereço, e com a existência paralela e virtual, mais fácil ainda conseguir detalhes. CPF, RG, Endereço, quanta imprudência! E se alguém quisesse roubá-la, seqüestrar, estuprar, matar? Não ele. Ele a transformaria num poema, oral, visual. Na estrela da próxima página policial. Que mais sublime e irônico para um foto-jornalista do que ser objeto de sua própria arte? O jogo havia começado e a ele cabia o próximo lance.

* Cardápio
Entrada : Só por trás.
Prato Principal: Sexo Oral
Sobremesa:Trepada na sacada.
Bebidas: Ejaculações múltiplas.


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