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Produtores gaúchos de drumba invadem o Rio (materia) - 02.12.02
por Joca Vidal
reproduzida em www.poavibe.com.br e originalmente publicada em www.mood.com.br
O que leva dois jovens a saírem de Porto Alegre, encararem 24 horas de estrada no buzum e virem para o Rio de Janeiro em pleno mês de novembro (baixa temporada)?
( ) o amor ao drum'n bass
( ) a oportunidade de zoar na Cidade Maravilhosa
( ) tocar junto dos bambambãs da cena
( ) fazer novas amizades
(x) todas as alternativas estão corretas.
O Organizers é o projeto de uma dupla de produtores gaúchos (Cardoso, 23 e Nes, 19) de drum'n bass e breakbeats criada no final de 98. De tanto ouvir Remarc e Dream Team (nos primórdios) e Roni Size, Ed Rush, Andy C e outras feras da atualidade, os dois resolveram produzir cada vez mais seus próprios sons (todas as faixas são criadas no estúdio caseiro montado na casa dos dois com um par de PCs equipados com meia dúzia de editores de som e seqüenciadores) e se diferenciarem do mercado. Essa diferenciação os trouxe ao Rio, em sua primeira tour fora de Porto Alegre. Tour essa no estilo gonzo: ficando na casa de amigos, contando com parceiros cariocas, comendo o que o dinheiro puder pagar. Na largação mesmo.
Neste estilo, eles desembarcaram no Rio na terça-feira dia 05 de novembro quando o céu quase caía de tanta chuva. Desanimados com a má sorte, resolveram descansar para a primeira parada da tour, que seria no dia seguinte na Bunker, em Copacabana. Chegado o dia da estréia, a ansiedade tomava conta dos garotos. O dia inteiro foi com uma chuva torrencial que teimava em alagar as ruas. Por sorte, quando escureceu, São Pedro deu uma trégua e o tempo ficou normal. Chegando no local, pararam para a tradicional cervejinha no boteco do lado da casa enquanto o público não chegava, coisa que carioca sabe fazer bem....
Ali mesmo, conheceram muita gente da cena que já os conheciam pelos mp3 disponíveis na Internet e pelos excelentes textos de Cardoso (do famoso site gaúcho CardosOnline). Lá pela uma da manhã o som começou a ficar 'sério' com T'ai Head, o DJ residente às quartas-feiras. Impressionados pela dimensão da casa, os gaúchos fizeram um set irrepreensível e bem animado, com a pista cheia e o pessoal muito receptivo.
Ajudados pelo MC Mario Z, que rimava de improviso em cima das bases, detonaram músicas inéditas e, ajudados pela altura absurda do som, fizeram um set tipo "estamos na área, se derrubar é pênalti" impressionando autoridades máximas no assunto que estavam presentes, como o DJ Lucio K ("Eu gostei dos Organizers, eles têm muitas produções, mas infelizmente ainda não consegui nenhuma. Eles conseguem fazer um set só de musicas próprias. E finalmente conheci o lendário Cardoso, metade dos Organizers") e o próprio T'ai Head ("Também curti bastante o som dos caras...e ainda são super bacanas... quando quiserem pintar de novo é só falar...").
Até pessoas que nunca tinham ouvido um drum'n'bass tão forte se rendeu ao som sulino. Passada uma hora, o DJ Fábio Machado assumiu as pick-ups e mandou um set agressivo, como ele próprio frisou: "Sendo minha primeira vez na BUNKER, e há mais de três anos tocando drum'n bass, tinha que mostrar um pouco do meu trabalho de breakbeat/jungle. O set desse dia foi pesado por que era assim que tinha que ser, e por que em todo o lugar do país eu toco o mesmo set e ainda não tinha tido a oportunidade de tocá-lo na minha cidade e numa casa dessa importância. Tive que chocar mesmo pra mostrar que eu não sou apenas mais um na cena". Bom, quem tava lá sabe do que estou falando.
O dia seguinte, quinta-feira dia 07, foi importante para recarregar as energias depois de uma noite hardcore. À noite os guris iriam mostrar seu trabalho no reduto do drum'n bass carioca: a Casa da Matriz e a festa FEBRE. Chegada a noite, rumamos para Botafogo. Impressionados pela peculiaridade do local, Cardoso e Nes se sentiram em casa. Eles me disseram que havia alguns locais em Porto Alegre que se pareciam com a Casa da Matriz. Dominada a sala de TV, ficamos vendo "Os Simpsons" (...). Feita a apresentação da dupla aos mestres das carrapetas da festa FEBRE, Calbuque, Dalua e Yanay, o Organizers fez um set tosco, mas que serviu para exibir suas produções perfeitamente. Ficou comprovado que o lance deles não é a qualidade de DJs que eles pretendiam mostrar e sim a qualidade de arranjadores e produtores de drum'n bass, até por que querer competir com feras como Dalua e Calbuque estava totalmente fora de cogitação. Em seu segundo set no Rio, alguns hits já despontavam como No Skirt, No Panties, Degeneração da Alma e do Corpo, Telefone (remix), além dos hits undergrounds Up To The Sky e Big Lizard (esta do outro projeto da dupla, Cabaré 101).
Como o estilo dos DJs da Casa da Matriz é algo meio entre o jazzy e a bossa misturada com o drum'n'bass, aproveitaram e lascaram uma versão DB do Tim Maia feita por seu conterrâneo Nando Barth, arrancando boas vibrações das pessoas que pulavam na sala 2, e fazendo a conexão para Dalua comandar o resto da noite. Finda a apresentação, várias idéias foram trocadas e vários elogios recebidos de gente como Marcelo D2, Fábio Calunga, além dos donos da festa e o público em geral.
A última etapa da tour foi na inauguração da casa FLUX, em Petrópolis, numa sexta-feira gelada na serra, o que agradou aos gaúchos. Local tradicional de festas petropolitanas, a casa que abrigou a festa já trocou de nome algumas vezes por conta do marketing, mas sempre levou o pessoal que curte e-music para suas dependências e desta vez não foi diferente. Feita a tradicional social no boteco em frente com o pessoal local (muito receptivo, por sinal), rumamos para o local. O DJ Paulinho tocava house para esquentar a galera e fomos para o camarim também dar uma 'esquentada'.
Quando o Organizers assumiu os CDJs da mesa de som, o público, que já era bom, aumentou e prestigiou através de passos inusitados as batidas enfumaçadas do Sul do Brasil. Com a platéia nas mãos, fizeram o melhor set da viagem, conseqüentemente essa noite foi a mais divertida. Mais uma vez, a música de Nando Barth encerrou a apresentação, arrancando aplausos. Na sequência, começando com Alegria (da banda capixaba Zémaria), o DJ Fábio Machado fez seu tradicional set pesado de jungle/breakbeat.
A noite em Petrópolis constatou que a cena da serra é misturada, diferentemente do que acontece no Rio. O pessoal que gosta de e-music gosta de todas as suas subdivisões, por exemplo, quem curte house curte drum'n'bass e trance ao mesmo tempo. A noite lá abrange todos estes estilos, num mesmo lugar, numa mesma casa, porém com DJs diferentes.
Cancelada a noite de sábado em Itaipava, Cardoso e Nes aproveitaram uma noite na Lapa e um dia de sol de domingo no Rio para conhecer o famoso Posto 9. Partindo para Porto Alegre (dessa vez de avião) à noite, imaginavam o choque de uma segunda-feira 'normal' em Porto Alegre. Definitivamente, essa mini-temporada marcou suas carreiras e apontou novos caminhos para a e-music gaúcha em novas paragens.
O que rolou de 02/12/02 a 08/12/02 - 09.12.02 (trecho)
por DaNa
originalmente publicada em www.poavibe.com.br
6/12 - Sexta-feira - Subgrave
Ressalto que o público da Subgrave é maravilhoso. É aquela galera do drumba, que vai a todas as festas específicas desse estilo e que não desiste mesmo quando está podre de cansado. O que foi meu caso.
Essa foi umas das Subgraves mais lights de todos os tempos. Os ORGANIZERS foram tranqüilos com suas produções. Os irmãos Czarnobai estão evoluindo e isso dá pra sentir na qualidade do som.
O Nando entrou com discos novos, em três sets. Não deixou a pista cair em nenhum momento e passou a bola pro Krás. O Krás, que é um dj iniciante, está evoluindo na técnica e eu nunca tinha escutado ele tocar tão bem. E a Subgrave tem que existir. O público de drumba agradece.
Lista - Música Eletrônica 2002 @ Porto Alegre - 16.12.02
por DaNa
originalmente publicada em www.poavibe.com.br
10 melhores coisas da música Eletrônica em Porto Alegre em 2002
1 - Campanha Nosso Barato é a Música Eletrônica
Pela primeira vez, as produtoras, os sites e os veículos estavam falando uma mesma língua: todos queriam uma contrapartida à morte duvidosa de uma menina por êxtase e da imprensa mal informada. A campanha não teve uma abrangência e tempo de exposição muito grande, mas sua importância está na união de interesses.
2 - Produtores e djs gaúchos sendo reconhecidos nacionalmente
O ano terminou com várias novidades: o produtor Phillip Braunstein no cd do AMP da MTV, Maurício S. entre os finalistas do concurso Heineken Thirst, Ticiano Paludo no Lucky Strike Lab, Mozart M. Riggi no cd Lua Solidária. Além disso, Fabrício Peçanha se consolidou com um dos principais djs do cast da Hypno, assim como Double S. entrou para a Smartbiz. O primeiro videoclipe de e-music do RS foi da produção de Nando Barth, Muito Tarde.
3 - Produtora The Farm
A produtora The Farm surgiu pra colocar um temperinho nas festas de e-music aqui do Rio Grande do Sul. Preparou uma rave homônima e agita outra no litoral neste verão. É a união de forças do dj Double S e dos empresários Rafa Bandeira e Tiago Soares. O diferencial são os lugares em que são realizadas tais raves: a primeira foi numa fazenda nas cercanias de Porto Alegre e a próxima será próximo à Estrada do Mar.
4 - Fulltronic com djs internacionais
Em 2002, a Fulltronic completou três anos. O amadurecimento rendeu nomes de djs internacionais como Jamie Anderson, Marco Bailey e Chris Liberator, cujo set foi um dos momentos mais especiais do ano. Apesar da crise internacional, a alta do dólar e alguns acontecimentos negativos, a Full é o maior evento regional gaúcho de música eletrônica. A prima mais nova, a Loop, teve três edições esse ano. A Fulltronic é uma produção da Re:existência e tem Fabrício Peçanha e Mozart Riggi como djs residentes.
5 - Mingau no Espiral
Acabou o tédio dominical e esse dia entrou para a agenda de eventos relacionados à música eletrônica. Tudo surgiu com os super criativos do bar Espiral que notaram a demanda de gente querendo sair no domingo. Os residentes Carlos NC e Salles, dividiram o line up com djs gaúchos iniciantes e já consagrados. O Mingau acontece em eventuais domingos, das 17h às 22h pontualmente e tem entrada gratuita. Acontece no próprio bar que fica na Rua da República 303. Em 2002, o bar Espiral estabeleceu-se como ponto de encontro de produtores, djs e freqüentadores da cena da cidade.
6 - Noite Subgrave
O drum'n'bass tem, em Porto Alegre, seu público fiel. Engloba um pessoal que não possui tanta convivência com a música eletrônica, mas que está a fim de um som mais orgânico. Pela segmentação dos frequentadores, foi imprescindível uma noite exclusiva de drum'n bass na sexta-feira na Neo. O povo pôde curtir em 2002, o som do Navarro, Nando Barth, Firpo, Fidel, Krás e os ORGANIZERS intercalando nas picapes e fazendo noites inesquecíveis.
7 - Raves itinerantes no Rio Grande do Sul
As gigs Megavonts e Xxxperience desembarcaram aqui em Porto Alegre a cargo da produção do pessoal do Ibiza. A vibe das duas raves foi impressionante e a escolha do local em ambas foi o mais adequado: o Jockey Clube e o Cais do Porto, respectivamente. O Ibiza também foi responsável pelo Ibiza In Orbeat na cidade de Gramado, umas das noites mais legais do inverno gaúcho. Além de serem superprofissionais, eles quebraram um pouco da rotina de raves gaúchas, colocando Porto Alegre no calendário das gigs nacionais.
8 - Retomada da Neo
Depois de uma maré baixa, a Neo voltou com tudo em 2002. Em parceria com a Smartbiz, trouxe djs da agência, além de importantes nomes do cenário de música eletrônica internacional como Christian Smith e Nigel Richards. Além disso, pequenos projetos paralelos tiveram seu espaço garantido com a Gothik Night, a Subgrave e E-music Sessions com o pessoal da Manifesto.
9 - Atuação da Pontocom Records
A importante atuação do multifucional Bexiga - dono da Pontocom Records - é inegável. Além de lançar os cds do programa BPM, o Identidade Eletrônica 1 e 2 e o DJ Hits em parceria com a Orbeat Music, a gravadora colocou no mercado o primeiro vinil de produtores gaúchos. JZK e Double S são os nomes desse primeiro disco e na fila está o trabalho de Nando Barth. A Pontocom Records também patrocinou e apoiou vários eventos da cena em 2002. Nota 10.
10 - Site Poavibe
De uma reunião e um desejo em comum: o de informar sem panelas, nem rabo preso a cultura de música eletrônica focada em Porto Alegre, nasceu o nosso Poavibe. Partindo de um nicho de órfãos do antigo E-ar e da extinta Eai?, o site foi conseqüência da química entre os seus idealizadores. O site é espaço pra todos os segmentos do meio eletrônico da região de Porto Alegre e colaboradores pelo Brasil.
Agradecimentos: Maurício S, Álvaro Gomide, Daniel Locatelli e Michelle Ferro qua ajudaram a elaborar essa lista.
2002 foi deles (trecho) - 03.01.03
por DaNa
originalmente publicada em www.poavibe.com.br
Uma das turbinas da cena de e-music é o trabalho dos produtores e djs locais, que são os comandantes da festa, da pista e da vibe. Com a interação com o público, ou com uma boa música feita, esses artistas fazem o produto consumível - a música - gerar a fábrica cultural de venda de ingressos, produção de festa, gravação de cds, etc. Conforme mais desenvolvida ou não, essa fábrica regional vira indústria e, num patamar maior, monopólio.
Aqui no Rio Grande do Sul, tivemos um ano fértil mediano em 2002. Se ainda não pudemos tudo o que queremos, devagarinho a galinha vai enchendo o papo. E, devagarinho nossa cena vai progredindo e nome de djs e produtores gaúchos vão se consolidando, porque não? - tornando-se tops nacionais. Sim, a qualidade e emprenho pessoal é o que interessa, mas nada como a boa e velha política que ajuda a alavancar alguns nomes, ma sno entanto, a consolidar algumas panelas.
Dentre os vários djs e produtores do Rio Grande que se destacaram no ano que passou podemos falar da Carol do breakbeat, das produções da ORGANIZERS, do top Fabrício Peçanha, das novas produções do Mozart e um futuro clipe, do "moleque" Phillip Braunstein, da revelação Maurício S. e do ex heavy metal e agora e-producer Ticiano Paludo. Sim, todas citações de nomes importantes, mas sem esquecer outros tantos como o dj Alec, Eliézer Pase, Firpo e o próprio tudo-de-bom JZK, que além de ter um som tri refinado, tem dado de dj e ajudado muita gente.
(...)
Orga Orga ORGANIZERS!
E o jornalista, e-zineiro e bloggeiro André Cardoso Czarnobai e seu mano Nes, que se puxa nas produções de drumba, resolveram colocar na roda seus trabalhos em 2002. Os ORGANIZERS, como são conhecidos, junto com o Krás e o Firpo fizeram as primeiras festas Drumba para as Massas, que acabaram renovando o público de dnb da cidade. Logo, com outros djs, fizeram o coletivo Subgrave, noite fundamental desse estilo na Neo. Duas coisas, essencialmente marcaram o ano para eles: os primeiros trabalhos para a publicidade com a SomGuia, e a turnê pelo Rio de Janeiro.
"Com o convite para integrar a equipe da SomGuia, uma nova porta nos foi aberta: depois da campanha do Cultural (curso de inglês), fizemos ainda um piloto para o Mat-Inset e estamos na espera de algumas decisões para botar as mãos em mais uma ou duas tarefas sonoras. Por nossa conta conseguimos emplacar a trilha de um episódio do Histórias Curtas, da RBS (24 Horas, de Frederico Pinto e Gabriel Daudt) e agora estamos começando a produzir a trilha sonora do Garota Verão 2003, ou seja - as coisas estão andando.
Quanto à turnê no Rio, foi simplesmente inacreditável receber ligações do Fábio e do Joca confirmando datas nas casas mais importantes do Rio ao lado das maiores feras da pick-up. Primeira noite na Bunker, com T'ai Head e Fábio Machado, segunda noite na Casa da Matriz com os legendários Calbuque e Da Lua (responsável, entre outras coisas pelo excelente BossaCucaNova) e o incendiário Yanay, e a abertura da Flux, em Petrópolis, na serra carioca, sempre acompanhados das rimas fortes do MC Mario Z. A recepção do público foi incrível."
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