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Eu + te + amo
Micro contos publicados originalmente na coletânea Contos de Bolso, da editora Casa Verde, em 2005

EU

Apertei o GORDO do dedão com FORÇA na parede branca pra IMPRESSIONAR de RUBRO o que sobrou dessa manhã TEMPESTUOSA. Seis dentes, um tiro, seios, saias, um sutiã MEIA-TAÇA, um cálice aos CACOS cravados nas juntas dos meus PUNHOS. Li novos nomes no LÍQUIDO do cristal. Vi novas cores nos velhos OLHOS. Novos brilhos não mais MEUS brilhos. Novos TRILHOS. Nossos FILHOS dormindo no quarto. Ainda é muito cedo, e eles, muito novos pra entender-me MUDO, cego e SURDO, parado ao lado do teu corpo.

TE

SAÍSTE cedo do trabalho, dedo em RISTE pra chamar o TÁXI. Comeste CARO e pagaste não MOEDA, mas CARNE - esta quente que te MOLHA a mais íntima das VESTES. Gemeste LONGO e ao longe te OUVIRAM, e depois CONTARAM. Soberba e petulante, INSUSPEITASTE das desconfianças e VIVESTE o risco sem sequer lembrar-te das DORES todas que mastigam o coração dos NOBRES. Pensaste ERRADO que gozaria eterna e IMPUNE os frutíferos prazeres dos alheios POMARES. Ainda havia JUSTIÇA, tardia e fria, a te esperar em CASA.

AMO

Nunca e sempre PERSISTENTE, LAVA quente no PEITO e então simplesmente SABEMOS: é isso. Flores, cartas, lágrimas, PRESENTES. Dias FRIOS e dias QUENTES. Promessas, planos, preocupações AUSENTES: tudo CORRE, pleno. Mas então PÁRA e fica ESTANQUE. Cessa urgência, ardência encerra. Tédio e MODORRA, longas tardes de silêncio. Duvidemos. Um dia o sol levanta CINZA e um estalo JOVEM descerra toda uma CORTINA. De novo há VIDA; mas não a mesma, e nunca mais. Depois a IRA do descontente. Então o FIM.

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